HOTEL CENTRAL
“Entravam então no peristilo
do Hotel Central – e nesse momento um coupé da Companhia, chegando a largo
trote do lado da Rua do Arsenal, veio estacar à porta.” Os Maias (cap. VI)
O Hotel Central localizava-se “na
Praça do Duque da Terceira, ao Cais do Sodré”. Com o rio de frente,
encontrava-se à “esquerda, sobre a praça um edifício, no topo do quarteirão,
que dá para a Avenida da Ribeira, hoje ocupado por escritórios. Era o famoso
Hotel Central, o melhor hotel da Lisboa desse tempo, onde se hospedavam reis e
presidentes. A entrada dava sobre a praça. Na fachada oposta, para uma rua
estreita, davam os quartos de Maria Eduarda. Carlos viu-a pela primeira vez no
peristilo do hotel.”
A. Campos Matos, Viagens no Portugal de Eça de Queirós (Roteiro), Amarante, Fundação Eça de Queirós, 2000, pp. 45-46
Aqui desenrola-se um dos
episódios da crítica de costumes: o jantar do Hotel Central. É nele que Carlos
Eduardo começa a ter um contacto mais alargado “com a sociedade lisboeta e com
os seus tipos sociais”. É aqui “que figuras supostamente importantes conversam
e ostentam uma cultura e uma educação que, de facto, não têm”.
A crítica de costumes aborda essa
“contradição entre a aparência e a realidade pobre que ela esconde”, abordando
temas como “a literatura e a decadência nacional”, falando da situação
financeira e da mentalidade retrógrada portuguesa.
Carlos Reis, Educação Literária –
Leituras Orientadas, Os Maias, Eça de Queirós, Porto,
Porto Editora, pp. 21-22