REDAÇÃO DO JORNAL "A TARDE"
O jornal «A Tarde» aparece em Os
Maias dirigido pelo Neves, deputado, político.
“Subitamente, com uma ideia, palpou por sobre o bolso a carteira onde na véspera guardara a carta do Dâmaso… «Eu t’arranjo!», murmurou ele. E abalou, desceu a Rua da Trindade, cortou pelo Loreto como uma pedra que rola, enfiou, ao fundo da Praça de Camões, num grande portão que uma lanterna alumiava. Era a redação da Tarde.” Os Maias, Porto, Porto Editora, 2021, p. 571
É neste jornal que Ega consegue a
publicação da carta do Dâmaso não só como represália da injúria feita a Carlos
da Maia, mas também para se vingar de uma possível ligação daquele com a sua
ex-amante Raquel Cohen.
Todo o diálogo do Ega com o Neves e outros funcionários do
jornal lisboeta mostra a atmosfera política, o cinismo e a parcialidade do
jornalismo.
É neste jornal que está, também, a redação de uma notícia sobre o livro do poeta Craveiro, por pertencer "cá ao partido", mas sobretudo quando Gonçalo, um dos redatores do jornal, depois de exclamar "Que besta, aquele Gouvarinho!" e de o considerar "uma cavalgadura" afirma que "- É necessário, homem! Razões de disciplina e de solidariedade partidária... Há uns compromissos... O Paço quer, gosta dele...". E tudo isto acontece pois "- Há aí umas questões de sindicatos, de banqueiros, de concessões em Moçambique... Dinheiro, menino, o omnipotente dinheiro!". Os Maias (cap. XV)